Academia Paraibana de Letras

09 – Manuel Batista de Medeiros

Perfil Literário de Manuel Batista de Medeiros

“é preciso salvar a memória dos outros”
Manuel Batista de Medeiros

O Homem

 

Manuel Batista de Medeiros nasceu aos 27 dias do mês de julho do ano de 1924, na cidade de Bananeiras, Estado da Paraíba. Formado em Letras Neolatinas e em Direito pela Universidade Federal da Paraíba é Professor, escritor, advogado e jornalista profissional. Sua Ordenação Sacerdotal ocorreu no dia 08 de dezembro de 1950 e liberado por Rescrito exarado pelo Papa Paulo VI em maio de 1970, a seu pedido. É filho de João Batista Moreira e D. Maria Batista de Medeiros; casado com D. Vera Lúcia de Azevedo Medeiros, nascendo da união: Emmanuel, Gibran e Luciana. Fez o curso primário na Escola Pública do município de Serraria e o secundário no Seminário Arquidiocesano da Paraíba.

Manuel Batista foi vigário na Paróquia de São Miguel de Taipu e celebrava missa, mensalmente, na capela do Engenho Itapuá que pertencia a D. Maria Lins Vieira de Melo, a Maria Menina, mãe de criação do escritor José Lins do Rêgo, mantendo, com esta senhora, diálogo sobre a vida do escritor, tendo sido abordados fatos pitorescos da infância do romancista, cujo texto está inserido no livro José Lins do Rêgo – O homem e a obra, da autoria do acadêmico Eduardo Martins. Foi, também, capelão do Orfanato D. Ulrico, do Centro de Recuperação Bom Pastor, dos Colégios Sagrada Família e Pio X , e da Igreja das Mercês, em João Pessoa.

O Dr. Batista dedicou-se ao magistério, exercendo as atividades: Professor Adjunto, por concurso público, da UFPB, lecionando Prática de Ensino em Português e de Literatura Portuguesa; Professor fundador da Cadeira de Direito Civil, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da UNIPÊ; Professor de Prática de Ensino de Sociologia da Faculdade de Educação da UFPB.; Professor Catedrático de Latim do Lyceu Paraibano ; Professor de Latim e de Português do Seminário da Paraíba; Professor de História Eclesiástica Primitiva e de Direito Canônico do Seminário Maior da Paraíba. Além de professor, exerceu outras atividades na área educacional, como: fundador e primeiro Reitor da Universidade Autônoma de João Pessoa, a atual UNIPÊ; membro da Comissão de Folclore da UFPB.; Membro do Conselho Universitário da UFPB.; Chefe do Departamento de Metodologia Pedagógica da UFPB.; participante de bancas examinadoras de concursos públicos e de vestibulares; Membro do Conselho Executivo da UNIPÊ. No campo jurídico, o Dr. Manuel Batista destacou-se nas funções de Advogado e Assessor da Presidência da SAELPA; Procurador Jurídico da UNIPÊ; Diretor de Departamento de Assistência ao Menor (1963/1967); Procurador Jurídico do Estado, ocupando a Procuradoria Geral, quando se aposentou.

Jornalista profissional, escreve nos principais jornais da capital e em revistas especializadas. Foi diretor-presidente da Rádio Arapuan, Diretor Comercial do Jornal A IMPRENSA; Diretor-Presidente da Gráfica A IMPRENSA; integrante, juntamente com Virginius da Gama e Melo e Juarez Batista, do corpo editorial da Revista da FAFI. Exerceu, ainda, outros cargos importantes, dentre os quais destacamos: Secretário do Interior e Justiça; Membro-fundador da Academia Paraibana de Letras Jurídicas; Juiz Eclesiástico da Arquidiocese da Paraíba. É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, Advogado autônomo; Membro Honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande, Rádio-Amador – PR-7-BTG. Recebeu as Comendas Ad Immortalitatem e Mérito de Serviço Cultural, da Academia Paraibana de Letras e a Comenda José Maria dos Santos, do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano; recebeu a Medalha Diploma de Colaborador Emérito do Exército Nacional, do IV Exército – Recife (PE). Elegeu-se membro da Academia Paraibana de Letras, em 1984, tomando posse no dia 26 de setembro do ano seguinte., sendo recepcionado pelo acadêmico Afonso Pereira. 

Ocupou a Vice-Presidência, no período de 1986 a 1989, na gestão do Presidente Luiz Augusto Crispim e, pelo seu dinamismo e capacidade de trabalho foi eleito Presidente da Instituição, cumprindo um mandato de dois anos, sendo reeleito para mais um biênio. O início da sua primeira gestão coincidiu com o final do governo Burity, mesmo assim, foi realizado um convênio entre a APL e Governo do Estado que destinou à entidade recursos suficientes para a restauração da sede, que além da reparação da estrutura física do prédio, incluiu a aquisição de mobiliário e equipamentos necessários ao desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos. Dr. Manuel Batista idealizou e implantou, com a aprovação dos membros da Casa, o JARDIM DE ACADEMUS, local reservado à exposição de estátuas dos representantes mais expressivos na nossa literatura, tendo sido iniciado com os nomes de Coriolano de Medeiros, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Alcides Carneiro, José Lins do Rêgo, Assis Chateaubriand e Virginius da Gama e Melo; ainda na sua primeira administração foi editada a 1ª edição do Memorial Acadêmico.

Homem de princípios religiosos, Dr. Manuel Batista caracteriza-se pela autenticidade, demonstrando na área profissional muito senso administrativo, encontrando sempre uma maneira diplomática de apresentar as suas ideias. Imparcial, age sempre com justiça e autoridade mas, sem autoritarismo; não tendo envolvimento político desfruta de um bom conceito no meio em que convive, tanto no profissional como no social.
Livros publicados: Ideias, Pessoas e Coisas, 1958; Crônicas de quase crítica, 1963; Acadêmicas, 1998; Paraibanos na Academia Brasileira de Letras, 1999 (2 edições); Prefácios de alguns livros e centenas de artigos nos jornais O NORTE, A IMPRENSA e A UNIÃO. No prelo: Crônica reunida ou prolegômenos da Universidade Federal da Paraíba; O IPÊ – a verdadeira história do seu começo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Curriculum Vitae elaborado pelos familiares.

Estilo
O escritor e crítico literário Virginius da Gama e Melo referindo-se ao livro Ideias Pessoas e Coisas de Manuel Batista de Medeiros, fala sobre o perfil literário do autor dizendo “… com certo sabor de malícia, quando não ironia expressa, características principais de seu jornalismo ágio e moderno.
Quando o crítico se refere ao livro Bilhetes sem Data – Crônicas de Quase Crítica de Manuel Batista de Medeiros diz “… constitui boa, bem humorada, às vezes severa crítica, mas sempre divertida, prendendo o leitor sem nada contundente”.
Virginius da Gama e Melo refere-se ainda ao diálogo, ao coloquialismo presente na escrita de Manuel Batista de Medeiros. Vejamos: “ Nessa disponibilidade esportiva de espírito … associada à técnica dialogal à linguagem usual e variada de assuntos múltiplas, faz com que a leitura dos seus trabalhos se torne aparentemente fácil, quando a verdade é que não existe facilidade de estilo ou conceito. Apenas sua arte soube obter esse depuramento, essa decantação imperceptível na espontaneidade tão acentuada.

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O poeta, escritor e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho tece as seguintes palavras sobre as obras de Manuel Batista: Jornalismo como Literatura, A História Desnuda e Variações sobre Serraria Centenária entre outras. “…podem atestar as características retóricas e edeativas do texto de Manuel Batista de Medeiros, ostentadas, sobretudo, na erudição de origens clássica, no senso de humor típico dos moralistas latinos e franceses, na linguagem moldada na correção gramatical e num vocabulário que mescla, em perfeita figuração do estilo hibrido, o precioso e o banal, a palavra rara e o termo do dia a dia, responsável pelo coloquialismo, tão oportunamente observado por Virginius da Gama e Melo em comentário a Bilhetes Sem Data e Crônicas de Quase Crítica.

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A acadêmica, escritora e crítica literária Elizabeth Marinheiro, principia dizendo que Construções Literárias Acadêmicas de Manuel Batista de Medeiros “corporifica uma Fortuna Crítica”. “ Nele…. a erudição ao sabor clássico. São páginas inteiras com sabor greco-latino”.
Elizabeth afirma, ainda: “eis um livro escrito por homem que pensa, que estuda, que reflexiona, ou seja: o homem de conhecimento, aquele que transita facilmente pelas veredas da Epistemologia. Outro ângulo do trabalho, diz Elizabeth Marinheiro, é o memorialismo. Manuel Batista manipula História e Memória com rara seriedade. Ele diz: “é preciso salvar a memória dos outros”. Uma afirmativa tão simples e tão denso seu conteúdo. Memória é o tempo tridimensional habitando a linguagem do Homem. Ele recorreu ao discurso histórico como testemunho lúcido de gerações paraibanas. A História recupera a Memória e a Memória é Linguagem, é Leitura, é tradição. Manuel Batista: um novo tradutor da Paraíba.!

Outra faceta de Manuel Batista, negar o narcisismo autobiográfico para revelar a outra cena. Só quem tem fôlego para chegar à outra margem. Só estes terão a imensa felicidade de promover o solidário encontro com o outro.
O livro de Manuel Batista dialoga com a dedicatória, com a homenagem, com
b o depoimento, com o bilhete, e até com o discurso do relatório. Ou Manuel Batista está lendo alguns autores como M-Sodré, Connor, ou tem a privilegiada intuição da combinação pós-moderna.

Importante lembrar que na construção transtextual até as citações, orelhas, prefácio merecem o respeito do crítico porque devem ser estudados como gênero do Discurso. Esta é a postura dos grandes centros europeus. Digo que estas construções transtextuais comunicam sem arrogância doutrinária. Manuel Batista prefere celebrar a História, sem desconhecer que as epifanias podem conter a denúncia. Junto-me a estas “Construções” porque elas me devolvem a diversidade discursiva. Mas, sobretudo, porque elas exorcizam o binarismo excludente e anunciam a diferença. São registros de verdade que não escamoteiam o contingente e o necessário. Manuel Batista – rapsodo do mundo fragmentado que ele soube juntar, infenso ao autoritarismo dos dogmas e aos preconceitos contra as margens. Manuel Batista – “político enquanto cidade
revelado enquanto memória
religioso enquanto mistério!

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O imortal da Academia Paraibana de Letras, professor e escritor José Jackson Carneiro de Carvalho bem destaca as palavras do grande historiador Cônego Francisco Lima quando diz que O Estilo é o homem. Manuel Batista é igual ao seu estilo. As flexões quando mudam vão na direção da maior perfeição da linguagem. O espírito analítico e crítico do cronista torna-se, a cada livro, mais profundo e rico.

Lembra José Jackson o que dele disse o grande Oscar de Castro, também da Academia Paraibana de Letras.
“Em suas crônicas e em seus ensaios expressa a lucidez de seu pensamento, na melhor forma, não lhe faltando sequer, como já o disse Virginius, uma certa nervosidade na frase curta, preferida e no sistema silogístico do raciocínio. De crônica decompõe-se a obra literária de Manuel Batista, que escreveu com desassombro e coragem, com capacidade de análise e julgamento e ainda com correção, aprumo gramatical e aquela elegância que não permite letras descuidosas e adjetivos baratos, a ausência de grandeza, azedume e alfinetadas.”

Em Construção Literárias Acadêmicas surge como um pesquisador cuidadoso da História paraibana, o crítico literário e o analista. Aqui, Manuel Batista não se contentou com o tradicionalismo dos elogios e panegéricos de ocasião. Pelo contrário, buscou, em cada caso, aprofundar uma análise crítica rigorosa e profunda na contribuição literária e cultural dos novos acadêmicos da Academia Paraibana de Letras.

O escritor José Jackson Carvalho cita, ainda, o Professor Afonso Pereira da Silva que saudou o ingresso de Manuel Batista na Academia Paraibana de Letras. Melhor do que ninguém, soube avaliar a importância do trabalho realizado quando assim se expressou sobre o discurso; “… o mais diferente, estranho e precioso dos quantos ousado aqui proferir”.
O discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano de Manuel Batista, continua Jackson Carvalho, é um tratado teórico-filosófico sobre a natureza da História. Nele, se vê um intelectual maduro, um estudioso que construiu uma sólida formação intelectual sobre os alicerces não menos sólidos do Humanismo greco-romano, raiz mesma da civilização ocidental.

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O imortal escritor, professor, Afonso Pereira da Silva, em seu discurso de saudação a Manuel Batista de Medeiros por ocasião da sua posse na Academia Paraibana de Letras ressaltou: “Ele o gramático e excelente, o amante apurado estilo do bem e do belo dizer. Ele o analista e o crítico severo dos nossos hábitos, usos e costumes-humor sem o sarcasmo que o descaracterizaria e dele diminuiria a sua força; vezes violento sem virulência no ímpeto metafórico.

Afonso Pereira ao múltiplo estilo de Manuel Batista de Medeiros diz:
“Sobre aqueles a análise muda o estilo da linguagem como se o estilo derivasse dos personagens que desfilam diante de si”. O estilo senta-lhe no silogismo dialético. “Batista são muitos estilos, face multíplice da forma escorreita e limpa da frase em que o pensamento não excede uma palavra desnecessária”.
“O objeto que se funde ao sujeito no predicado da oração é o escritor Manuel Batista de Medeiros”