Academia Paraibana de Letras


Pouco se preocupou a mídia sobre as recentes e históricas manifestações, nos USA, contra a excessiva fabricação e a deliberada venda de armas, o que traduzo do Le Monde, “mis à jour” nesse 25 de março, próximo passado. Faixas e cartazes nos diziam, grosso modo, que as armas, guardadas pelo amor, atiram flores; as, armadas pelo ódio, balas de mortífero calibre. Faixas expressavam a motivação desse gigantesco agrupamento social: “Mais armas, mais violência”; “Quero me defender, não com armas” e “Arma: antes da defesa, o ataque”. Enfim, tal multidão, segundo Gilles Paris, exigia restrições à desenfreada compra de armas de fogo, razão da matança de Parkland que atingiu dezenas de mortes e feridos. O enorme protesto foi inédito na terra do farwest , onde se proclamava o revólver, do “cow-boy”, como lei.

A enorme manifestação se definia como “Marcha pelas nossas vidas”, bem em frente ao Hotel Trump, do presidente Trump. Das escadarias do Capitólio, ouviam-se discursos dos jovens de Parkland, que escaparam do divertimento do atirador alucinado. Era a juventude norte-americana que se conscientizou ao ver costumeiros massacres e aderiu ao “ativismo anti-armas”, apoiando famílias que temem deixar filhas e filhos na escola, onde, inúmeras vezes, tornaram-se alvos de franco-atiradores, que compram, em qualquer negócio, revólver, máuser e sofisticados rifles de longo alcance e de repetição semi-automática. Ora, só morre o desarmado porque antes o bandido está armado…

Em resposta aos manifestantes, o presidente Trump prometeu, aos alunos para se defenderem, maiores facilidades a esse tipo de comércio, e criar um programa especial aos professores e professoras, fornecendo-lhes armas para a defesa própria e dos seus alunos; consolidando, assim, “the shooting generation” ou “a geração de disparos em massa”. Ao que os docentes retrucaram: “Sou professor, não, um sniper shotting”. Acrescentar-se-ia ao currículo a disciplina “tiro ao alvo”? Ao que, cinicamente, o potentado capital da fabricação de armas arguiria: por que não !?

Damião Ramos Cavalcanti

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