Academia Paraibana de Letras


A simulação e a dissimulação acontecem toda hora, são atitudes corriqueiras, sem que seus protagonistas ou suas vítimas averiguem essas palavras ou as pronunciem quando elas são praticadas. Tanto uma como a outra são fingimentos com fins utilitários. Ninguém mais indicado, sobretudo durante a Copa, do que jogador de futebol, em campo, para se explicitar quando se simula e quando se dissimula.

O jogador simula, quando nem é tocado, finge que foi gravemente derrubado; e cai para que o juiz apite conduta faltosa do adversário, tanto melhor se for dentro da área, para se obter a penalidade máxima contra o outro time. O jogador dissimula, quando sentindo fortes dores e não querendo ser substituído, corre e joga, sabe Deus como. Dissimula como Marcelo, no último jogo contra a Sérvia, para dar tempo seu substituto se preparar ao seu lugar. Em ambos os casos, trata-se de uma tentativa de esconder uma impostura ou é um artifício para enganar e iludir o juiz, a plateia, a equipe médica e o técnico.

Hoje, o olho da tecnologia, vestido de árbitro, revela quem queira embustear tais mentiras artificiosas, como foi o “válido” gol de Maradona com a mão, simulando que foi com a cabeça e depois debochando, atribuindo o feito à mão de Deus. Injustiça se faz com Neymar, sem negar que tencione arrumar faltas favoráveis ao seu time, quando é caçado para ser derrubado, visivelmente machucado, e seus adversários alegam com apropriados gestos, e gente nostra caçoa na mídia, que ele se jogou ou, numa linguagem deles, que ele “flecherou”. Como dissimular esses chutes e empurrões? Como ser derrubado sem cair? Depois do derrubamento, o baque. Responda se Neymar deve dissimular que sofreu a rasteira para não parecer que está simulando a queda… Enfim, simula-se o que não é; dissimula-se o que é.

Damião Ramos Cavalcanti

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