Aconselhou-me Gonzaga Rodrigues a ler o editorial do jornal El País, desse dia 10 próximo passado, que se somou a vários jornais da imprensa internacional, para analisar que o Brasil vive o mesmo clima que aconteceu na experiente Europa, quando surtiu uma “onda fanática” em torno de um candidato a “salvador da pátria”. Indo às palavras: um só não salva a pátria, há de sermos todos unidos e sem exclusão… Tal editorial comenta a França, ameaçada por essa onda de fanatismo, em 2002, diante do perseguidor das “minorias”, Jean Marie Le Pen, proclamando-se messias para aquele momento. Mas, a classe média reviu todo o seu histórico político; os tempos do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha; também não menosprezou as ditaduras de Franco na Espanha e a de Salazar em Portugal. Então, decidiu evitar remendos e atalhos, usando a força do voto para escolher o melhor à democracia.
Nesse sentido, a lúcida Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, diferente de algumas igrejas que determinaram aos fiéis o candidato beltrano, não abraça algum partido, apenas, em nome da liberdade, admoesta os cristãos a não votarem em quem contradiz princípios cristãos. Ao primeiro turno, a CNBB pregou o voto contra os “discursos de ódio e violência”, contrários aos evangelhos do amor, da bonança, da serenidade e da paz.
E agora, ao segundo turno, a CNBB nos alerta à escolha do candidato que mais ajude a “preservar e não a destruir os sistemas democráticos”, enfim, que nos assegure a democracia. Os bispos negam a qualquer candidato, seja preparado ou despreparado, a pretensão de se arvorar como messias: “Não podemos votar com o coração cheio de ódio, nem pensando que vamos mudar o Brasil de uma hora para outra: não existem salvadores da pátria, mas uma democracia que precisa ser permanentemente construída”. Vale o seu voto, caro leitor, para que aconteça, sem uso da força, o pensamento do filósofo humanista, Alceu Amoroso Lima, em O Problema do Trabalho: “A democracia é um regime de convivência e não de exclusão. Baseia-se na liberdade, como meio de chegar à ordem”. Para acabar o maquinado ódio, o candidato desfaça os preconceitos; e o eleitor, o comportamento.
Damião Ramos Cavalcanti