Academia Paraibana de Letras

Breve Histórico da Academia Paraibana de Letras

A palavra academia origina-se da Escola de Filosofia fundada no séc. IV a.C., pelo filósofo grego Platão. Localizava-se perto de Atenas, numa caverna que se dizia ter pertencido a Academos, um herói da Guerra de Tróia.

Muitas academias européias surgiram nos séculos XVII e XVIII. Dedicam-se, até hoje, à literatura, ao culto da língua, às belas-artes, à história e às ciências. Ao contrário das universidades, não têm professores e estudantes, nem fornecem diplomas pela conclusão de cursos obrigatórios. As mais famosas são a Academia Francesa, de Paris e a Real Academia de Artes, de Londres.

No Brasil, a tradição européia reflete-se em instituições como a Academia Brasileira de Letras, criada em 1897, com sede no Rio de Janeiro. Teve como seu primeiro presidente Machado de Assis que permaneceu no cargo até morrer. O gosto pelas academias espalhou-se pelas Províncias, posteriormente pelos Estados, surgindo assim em cada unidade da Federação uma co-irmã da “Casa do Pensamento” do povo brasileiro.

Na Paraíba, em fins do século XIX, o movimento intelectual teve um surto renovador da maior importância. Os jornais que circulavam em nosso Estado, dirigidos por grandes jornalistas da época, com a cooperação de corpo redacional da melhor categoria, se tornaram centros culturais em que os vocacionados para as letras, manifestavam as suas tendências literárias.

Muitas entidades destinadas ao cultivo do espírito foram se formando,como bem assinalou o acadêmico Eduardo Martins em esboço histórico intitulado “Instituições Paraibanas de Cultura – 1801-1941″, publicado na Revista da Academia Paraibana de Letras, n.º 8, ano 26, setembro de 1978, pp. 175/180. Enumerou as associações surgidas e que “foram, sem dúvida, as precursoras dessa vida laboriosa das letras”, no Estado. Relacionou em seu artigo as seguintes entidades: Clube Literário e Recreativo, Clube Cardoso Vieira, Centro Literário Paraibano, Clube Literário Benjamim Constant, Clube Sete de Setembro, Instituto Histórico Geográfico Paraibano, Associação dos Homens de Letras, que deu origem a Academia dos Novos, Gabinete de Estudinhos de Geografia e História da Paraíba.

Apenas o IHGP mantém-se em atividade, os demais tiveram vida efêmera. Certamente as idéias, as aspirações e os sonhos desses homens de letras motivaram Coriolano de Medeiros a reunir um grupo formado por Mathias Freire, Horácio de Almeida, Luiz Pinto, Rocha Barreto, Álvaro de Carvalho, Durwal Albuquerque, Veiga Júnior, Celso Mariz e Hortêncio Ribeiro (este representado por procuração) constituindo-se em autênticos fundadores da Academia.

Na tarde do dia 14 de setembro de 1941, o professor Coriolano de Medeiros concretizou o seu ideal de criar a “Casa do Pensamento da Paraíba”. Este era o único Estado da Federação que ainda não contava com uma entidade desse tipo. A reunião inaugural realizou-se no gabinete do diretor da Biblioteca Pública do Estado.

Ambiente interno da APLEm poucas palavras, Coriolano de Medeiros assumiu a direção dos trabalhos, disse da finalidade daquele encontro, declarou que estava fundada a Academia Paraibana de Letras, destinada a “perpetuar as tradições literárias da Paraíba”. Por sugestão do Côn. Mathias Freire, Coriolano passou a presidir a novel instituição, dessa data até 14 de setembro de 1946, quando renunciou, por motivo de saúde.

Foi eleito, naquele mesmo dia, o Dr. Oscar de Oliveira Castro que, em seu breve discurso de agradecimento, disse: “Coriolano de Medeiros continua sendo o Presidente de Honra desta Casa, que lhe deve tão assinalados trabalhos.”

Para caracterizar a instituição, criou-se um emblema, idealizado pelo Côn. Mathias Freire e desenhado pelo Prof. Eduardo Stuckert; a insígnia traz, além do nome e da data de criação da APL, o desenho de um sol, simbolizando a inteligência e o talento dos que integram o sodalício. A expressão latina, também sugerida pelo Côn. Mathias Freire, “DECUS ET OPUS”, que se traduz Estética e Trabalho, tornou-se o lema da associação.

Inicialmente, a APL contou com 11 cadeiras, número, depois, aumentado para 30. Em 1959, com a reforma dos estatutos criaram-se mais 10, fixando-se, oficialmente, em 40.

Todos com patronos, escolhidos, entre os nomes mais representativos das nossa intelectualidade. São eles: Augusto dos Anjos, Arruda Câmara, Albino Meira, Adolpho Cirne, Alcides Bezerra, Aristides Lobo, Arthur Achiles, Afonso Campos, Antonio Gomes, Cardoso Vieira, Cordeiro Sênior, Coelho Lisboa, Diogo Velho, Eliseu Cézar, Eugênio Toscano, Francisco Antônio Carneiro da Cunha, Gama e Melo, Irineu Joffily, Irineu Pinto, Joaquim da Silva, Maximiano Machado, Maciel Pinheiro, Neves Júnior, Pedro Américo, Perillo Doliveira, Pe. Inácio Rolim, Pe. Azevedo, Pe. Lindolfo Correia, Rodrigues de Carvalho, Santos Estanislau, Epitácio Pessoa, Carlos Dias Fernandes, Castro Pinto, Pereira da Silva, Raul Machado, Tavares Cavalcanti, Allyrio Wanderley, Américo Falcão, José Lins do Rego, Mello Leitão.

A Sede – Nos primeiros tempos, tiveram os acadêmicos de enfrentar grandes problemas financeiros. Por causa disso, reuniam-se, inicialmente, na Biblioteca Pública, onde se instalaram por mais de dois meses. Posteriormente, na residência do confrade Côn. Mathias Freire, Vice-Presidente da Instituição. Depois, abrigou-se na casa do acadêmico Álvaro de Carvalho.

Oscar de Castro, após assumir, a Presidência, procurou o Prefeito Municipal da época, Dr. Abelardo Jurema, obtendo a doação, em 1947 do prédio n.º 179, situado à Rua Visconde de Pelotas, para que, ali, se instalasse a Academia.

Ambiente interno da APLA pequena dimensão do terreno não permitiu, porém, a construção do nosso silogeu. Finalmente, por compra do velho casarão de número 25, situado à Rua Duque de Caxias, desta Capital, conseguiu-se a sede própria. Nela se encontra até hoje.

O Estado da Paraíba, na administração do então Governador Tarcísio de Miranda Burity, forneceu recursos para aquisição do prédio contíguo, de n.º 37 que se deu por escritura pública, lavrada em 26 de novembro de 1981. Os dois imóveis, passaram a formar uma só unidade imobiliária. Neles situa-se a Casa de Coriolano de Medeiros.

Os edifícios conjugados passaram por diversas reformas, principalmente a realizada na gestão do acadêmico, Dr. Manuel Batista de Medeiros, hoje, é o mais importante ‘centro de cultura’ do Estado, não só pela ação daquele excelente administrador, mas de outros que o sucederam.

O ex-presidente, acadêmico Luiz Augusto Crispim, entre outras benfeitorias, criou o Memorial Augusto dos Anjos (1984), que foi totalmente revitalizado, sendo reinaugurado na passagem do sexagésimo aniversário de fundação da instituição, ocorrido em 14 de setembro de 2001, na administração do escritor Joacil de Britto Pereira

A APL é filiada à Federação das Academias de Letras do Brasil, e reconhecida de utilidade pública, entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Esse reconhecimento se deu pela Lei Municipal n.º 39, de 23.08.1948.

Tem a sua biblioteca registrada no Instituto Nacional do Livro (INL), com o nome de Biblioteca Álvaro de Carvalho.

Desde a sua fundação, a entidade já foi dirigida por 11 presidentes: Coriolano de Medeiros (1941-1946), Oscar de Castro (1946-1970), Clovis Lima (1970-1973), Higino Brito (1973-1976), Aurélio de Albuquerque (1976-1978), Afonso Pereira (1978-1984), Luís Augusto Crispim (1984-1991), Manuel Batista de Medeiros (1991 -1994), Joacil de Britto Pereira (1994-1996), Wellington Hermes Vasconcelos de Aguiar (1996-1998), Joacil de Britto Pereira (1998-2006). Atualmente é presidida por DAMIÃO RAMOS CAVALCANTI.

A Academia é um centro ativo, vivo e dinâmico, estuante de entusiasmo.

 

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