Academia Paraibana de Letras

Cadeira Nº 01 - Augusto dos Anjos

     AUGUSTO   de Carvalho Rodrigues   DOS ANJOS   nasceu no Engenho Pau d’Arco, município de Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, em 20 de abril de 1884; filho do Dr. Alexandre Rodrigues dos Anjos e D. Córdula Carvalho Rodrigues dos Anjos. Seus estudos foram ministrados pelo pai, no Engenho, deslocando-se à capital, apenas para prestar os exames no Lyceu. Bacharelado em Direito na Faculdade do Recife, em 1907, quando retornou à Paraíba. Não querendo seguir uma carreira jurídica, dedicando-se ao magistério lecionando Literatura Brasileira no Lyceu Paraibano e orientando alunos para os cursos preparatórios e, conseqüentemente ingresso em escolas superiores; a partir de 1901, iniciou a publicação dos seus poemas em  O Comércio , jornal de Artur Aquiles, e em   A União.  

Em 1910, casou-se com a professora Ester Fialho, nascendo dessa união, os filhos Glória e Guilherme; no final desse mesmo ano, desejamos com a esposa ao Rio de Janeiro pretendendo editar o seu livro de poemas. Augusto deixou a Paraíba muito magoado, pois, naquele momento, ele era negado o apoio de que tanto precisava. João Machado, uma licença sem vencimentos para garantir o emprego no seu retorno, porém, não teve êxito. não tendo, portanto, direito à licença fingida, e que não o amolasse mais. Ferido em sua dignidade, Augusto demitiu-se e despediu-se da terra natal. Somente em 1912, com a ajuda do irmão Odilon dos Anjos é que conseguiu publicar o   EU , seu único livro, obra que viria a imortalizá-lo apesar de não ter obtido boa acolhida pela crítica carioca por não se enquadrar nos padrões convencionais da época. Hoje, porém, o  EU   é uma das produções literárias mais discutidas, mais estudadas e mais editadas, existindo sobre esse trabalho original uma vasta bibliografia. Augusto dos Anjos foi um poeta singular. 

É um poeta moderno. Ele é, entre todos os nossos poetas mortos, o único realmente moderno, com uma poesia que pode ser compreendida e sentida como a de um nosso contemporâneo” (Álvaro Lins In:  Os  mortos de sobrecasaca,  p.78)  Augusto colaborava, todos os anos, na edição do jornal   NONEVAR , que circulou na Festa das Neves, padroeira da cidade de João Pessoa. Também compunha versos carnavalescos, sob o pseudônimo de Chico das Couves, fazia anúncios comerciais, perfilava, com humorismo, rapazes e jovens senhorinhas da sociedade.

     Augusto dos Anjos faleceu no dia 12 de novembro de 1914, em Leopoldina, Estado de Minas Gerais, para onde fora assumir a direção do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira. Sua morte foi causada por uma pneumonia e não por tuberculose como gostam de afirmar alguns de seus biógrafos; seu corpo foi sepultado no cemitério de Leopoldina. D. Ester, a viúva, atendeu ao pedido que o poeta queria antes de morrer, voltou à Paraíba, juntamente com os filhos, mas infelizmente, não conseguiu o emprego de professora que precisava para garantir a sobrevivência da família; retornou à cidade de Leopoldina onde obteve o apoio e as condições para o sustento e a educação dos filhos. No ano de 2001, foi eleito, em votação popular, o  Paraibano do Século. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias, 3ª ed. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1971.

CÂNDIDO, Gemy. Fortuna crítica de Augusto dos Anjos. João Pessoa: A União, 1981.


FAÉ, Walter José. Poesia e estilo de Augusto dos Anjos. Campinas: Nova Fronteira, 1975.

LINS, Álvaro. Os mortos de sobrecasaca. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.


MAGALHÃES JÚNIOR, R. Poesia e vida de Augusto dos Anjos.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.


NÓBREGA, Humberto. Augusto dos Anjos e sua época. João Pessoa: UFPB, 1962.


REIS, Zenir Campos. Augusto dos Anjos: Poesia e obra. São Paulo: Ática, 1977.


PEREIRA, Marilia Mesquita Guedes. Uma breve contribuição bibliográfica sobre Augusto dos Anjos. João Pessoa : GRAFSET, 1984.


VIDAL, Ademar Victor de Menezes. O outro Eu de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.