Academia Paraibana de Letras

CADEIRA Nº 39 - JOSÉ LINS DO REGO

JOSÉ LINS DO REGO Cavalcanti: Nasceu no dia 03 de junho de 1901, no Engenho Corredor, município de Pilar, Estado da Paraíba; filho de João do Rego Cavalcanti e D. Amélia do Rego Cavalcanti. Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1957. 

Com a morte prematura de sua mãe, D. Amélia, passou à proteção de suas tias, de início, ficou com a tia Maria, a quem ele devotava verdadeira afeição, depois, passou aos cuidados da tia Naninha que, para satisfazer ao seu marido, internou a criança no Colégio de Itabaiana, passando aí, três anos. O Colégio era dirigido pelo professor Maciel, num sistema rígido, adotando o uso da palmatória; a vida de internato ocorreu num clima de muita tensão, medo e angústia o que serviu, mais tarde, de tema para  o seu segundo romance, Doidinho, influenciado, talvez, em  O Ateneu,  de Raul Pompéia. Ao deixar o internato, freqüentou o Colégio Diocesano Pio X, na capital, onde iniciou a vida literária, publicando artigos na Revista Pio X, editada pela Arcádia (Grêmio Estudantil do Colégio), destacando-se, entre estes, um artigo sobre Joaquim Nabuco e uma exaltação ao Rei Alberto I, da Bélgica. Em 1915, vai para o Recife e matricula-se no Colégio Carneiro Leão, depois, no Ginásio Pernambucano, onde concluiu o curso secundário. Bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Recife, em 1920; em 1923, casa-se com D. Filomena Massa, tendo nascido da união, as filhas: Maria Elizabeth, Maria Cristina e Maria da Glória. A sua biblioteca, com todo seu acervo móveis, foi doada por D. Naná, a viúva, à Fundação Espaço Cultural da Paraíba, integrando o Museu José Lins do Rego, instalado nas dependências da Fundação que leva o nome do escritor como patrono.

Ainda, em 1923, é nomeado Promotor Público de Manhuaçu, Minas Gerais, não se adaptando à funções jurídicas, transfere-se para Maceió, como Fiscal de Bancos. Nesta capital, trava conhecimento com o poeta Jorge de Lima, nascendo entre ambos uma sólida amizade; conhece também, Gilberto Freyre a quem ele tinha muito carinho. Gilberto Freyre “lhe revela outro mundo – o mundo das idéias, o mundo das artes – e lhe transmite o grande interesse pelo Brasil” (Coutinho, Edilberto. O romance do açúcar, p.19).

A criação literária de José Lins do Rego, como ele próprio afirma, foi baseada, fundamentalmente, nas estórias de trancoso, contadas pela velha Totônia e pela leitura de Os doze pares da França, de Carlos Magno, que ele leu aos doze anos, ainda no internato de Itabaiana, tendo recebido, também, influências de Vítor Hugo, Proust, Hardy, Stendhal e os que ele chamava de “os grandes russos da minha vida: Tolstoi, Thecov e Dostoievski. Entre os nacionais, ele cita: Raul Pompéia, Machado de Assis, Gilberto Freyre e Olívio Montenegro. A obra de Zé Lins caracteriza-se, particularmente,pelo extraordinário poder de descrição.  Reproduz no texto a linguagem do eito, da bagaceira, do nordestino, tornando-o no   mais legítimo representante da literatura regional nordestina. Escreveu o seu primeiro romance em 1932, com Menino de Engenho, romance de reminiscência que abriu o conjunto de obras que formaram o Ciclo da Cana-de-Açúcar, recebendo o prêmio Graça Aranha.  A Menino de Engenho, seguiram-se: Doidinho, 1933; Bangüê, 1934; Moleque Ricardo, 1935; Usina, 1936; Fogo Morto, 1936, fechando, com este, o Ciclo-da Cana-de-Açúcar. Em 1937, publicou Pedra Bonita e, em 1953, Cangaceiros que formaram o Ciclo do Cangaço. Outras publicações: Pureza; Riacho doce; Água mãe (prêmio da Fundação Felipe de Oliveira); Eurídice (Prêmio Fábio Prado); Meus verdes anos (memórias); Histórias da velha Totônia; Gordos e magros; Poesia e vida; Homens, seres e coisas; A casa e o homem; Presença do Nordeste na literatura brasileira; O vulcão e a fonte, (1958, póstuma). Conferências: Pedro Américo; Conferência no Prata; Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Viagem: Bota de sete léguas.  Em colaboração com Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos Brandão entre o mar e o amor.

José Lins do Rego assumiu a Cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras, no dia 15 de dezembro de 1956, saudado pelo acadêmico Austregésilo de Athayde.Sucedeu ao imortal Ataulfo de Paiva.

 

REFERÊENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AUTUORI, Luiz. Os quarenta imortais. Rio: 1945.

MARTINS, Eduardo. José Lins do Rego – O homem e a obra, ed. Ilustrada, João 

        Pessoa: 1980.

COUTINHO, Edilberto.  O romance do açúcar. Rio de Janeiro: José

       Olympio/INL/MEC, 1980.

SOBREIRA, Ivan Bichara. O romance de José Lins do Rego. João Pessoa:

      A União, 1971.

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