Há gente que sentirá a falta desse acontecimento esportivo, que vem ocorrendo, de quatro em quatro anos, sem interrupção, já fazendo parte de muitas futuras agendas. Já ouvi palpites para que ele seja de dois em dois anos. Esses, certamente, estão medindo sua longevidade pelo número de copas que ainda poderão ver em vida, mesmo que as futuras e derradeiras mal verão, mal escutarão, esquecendo quais times estarão jogando em campo ou misturando os 22 jogadores, seus nomes, números e camisas.
Os “doentes por futebol” são incuráveis; às vezes, eles torcem contra a Seleção porque ninguém do seu time foi convocado; ou, no mínimo, soltam pilhérias e piadas contra a escalação que não é do seu agrado; parecem com alguns comunistas italianos que, blefam os fiéis, dizendo-se materialistas e ateus, mas, vão à Igreja, aos domingos, para, durante a Missa, papearem, na calçada, política; amam o Papa, ao ponto de exigirem sua permanência em Roma, criticando-o quando ele faz suas viagens apostólicas: “Lugar do Papa é em Roma, para ser visto pelos turistas”… Pois é, tais maníacos por futebol adoram a Seleção, mas não lhe poupam azedumes. Jamais perdoariam se o Brasil não fosse à Copa; contudo, suportam que ele volte para casa, antes da “final”. Depois desse domingo, a Copa se vai…
Cedo espaço aos versos de Carlos Drummond de Andrade para conformar os saudosos, dando-lhes por que torcer, já que a Copa se foi: “Foi-se a Copa? Não faz mal. Adeus, chutes e sistemas. A gente pode, afinal, cuidar de nossos problemas. Faltou inflação de pontos? Perdura a inflação de fato. Deixaremos de ser tontos, se chutarmos no alvo exato. O povo, noutro torneio, havendo tenacidade, ganhará, rijo, e de cheio, a Copa da Liberdade”. E agora, fora do gramado, consciente leitor e eleitor, depois das eleições, melhores resultados?
Damião Ramos Cavalcanti