Há quem manifeste não aguentar mais saber de tantas coisas absurdas, anteriormente inacreditáveis; pessoas instruídas, até bem informadas, mas que se negam a falar dos mais recentes acontecimentos: “Não sei, não tenho acompanhado”, ou “estou tendo nojo dos noticiários”. Seria repugnância ao noticiário, ao que é noticiado, aos protagonistas da notícia ou ao noticiador? Na verdade, o fato tal e qual deveria ser a notícia, de preferência inalterável: nem aumentado, nem diminuído; seria causa da notícia que se estende aos seus efeitos, às suas consequências. No entanto, quem opera o fato noticiado, tem a responsabilidade ética de se preservar isento e honesto sobre o fato que ele transmite aos leitores, ouvintes, telespectadores que se enfadam já por serem vítimas dessas aborrecedoras mensagens.
Contudo, se tais fatos nos aborrecem, pior são suas narrações tendenciosas conforme os interesses e a ideologia do informante ou sobretudo com o cinismo desavergonhado dos que cometem tais fatos criminosos, provocando asco, tédio ou mesmo nojo. E tudo comandado pelo dinheiro corruptor e pelos seus “adoradores”… Li nesse Jornal que o “primeiro mandatário” prometeu: “após enterradas as denúncias, é hora de retomar a economia”. Resta-nos saber de qual economia nos fala; a de produção, distribuição e consumo de bens para o povo ou a de propinas, a de compras de voto dos nossos congressistas através de “vultuosas emendas parlamentares”, sem prestações de conta sob o controle sério e honesto?
Há motivo de repulsão, quando o cidadão ou a cidadã consciente e honesta se sente impotente diante de tantos abusos. Que viva a notícia, e não tapemos os olhos para não ver; os ouvidos para não ouvir; e a boca para não falar. Já que vimos e ouvimos, falta-nos o voto soberano, não vendido, nem comprado, contra aquilo e aqueles que nos causam nojo.
Damião Ramos Cavalcanti