Academia Paraibana de Letras


Embora de nome estranho ao nosso idioma, ‘kibutz’ já consta no nosso dicionário: os kibbutzim são fazendas coletivas, em Israel, onde também se demonstra ser possível, com perfeita estrutura, solidariedade, cooperativismo, transformar o árido deserto em terra habitável. Como eu tinha escrito “Ricardo nos leva à Finlândia”, esta crônica poderia se intitular que ele “nos leva a Israel”. O convênio se originou, sem alguma pretensão, há dezenas de anos, das conversas com Jackson Carvalho e José Loureiro, por coincidência, ambos ex-secretários da Educação, sobre nossa convivência e nosso trabalho no Kibbutz Ein Door, na Galil, rememorando a abundância do leite, ordenhado das vacas gordas, ao contrário das magras, sonhadas por José do Egito. Falava-se sobre os trigais amarelos, onde, com foice, roçadeira e alegria da vida do campo, limpávamos o mato; fazíamos a colheita; também sobre os frutíferos laranjais das doces laranjas, junto às coloridas maçãs e uvas, as floridas romãzeiras das enormes romãs.

Por isso, foi conversando com o atual Secretário da Educação, Aléssio Trindade, sobre o sucesso e as exitosas e multiplicadoras consequências do Programa Gira Mundo, eis que, de repente, a imaginação surtou a ideia de se incluir nesse “giro” ou nesse “mundo”, uma promissora estada de professores e alunos sertanejos, do nosso semiárido, num dos kibbutzim. De pronto, Aléssio demonstrou entusiasmo, considerando a economia oferecida pelo kibutz em relação a outras experiências. Tudo deixou de ser ideia para ser interesse e determinação do Governador Ricardo. Urgentemente, empreenderam-se essas intenções.

Israel nos convence de como dominar a natureza, com vontade política e tecnologia, de como transformar seu deserto arenoso em terra fértil; de como passar, meses e meses, sem chuva, sem faltar água à gente, aos animais e às plantações. Nessa última quarta-feira, testemunhei com muita honra, assentando minha assinatura, o Convênio que leva dezenas de professores da rede pública, do nosso semiárido, na companhia do professor Ary Prata, de Monteiro e da coordenadora desse intercâmbio Paola Navarrete, ao Kibbutz Lotan Green, onde ensinarão como é a vida no nosso cariri, no nosso sertão, e aprenderão como conviver com indefinida estiagem, mas com fartura nos campos e nas mesas, mesmo não se dispensando ajuda de São José para nos livrar das eventuais agruras da seca.

Damião Ramos Cavalcanti

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