Academia Paraibana de Letras


Há sete dias, falam as entrevistas, reconfirmam as notícias e dizem as crônicas que “a Paraíba perdeu um grande homem”. Logo se conclui que não se referem à sua estatura física; compreende-se que a grandeza referida não é a do corpo, mas, da alma, do seu espírito de generosidade, de uma afabilidade que não cabia no seu corpo. Agora, Rômulo, livre dessa dimensão corpórea, é espírito leve, homem lépido, muito mais ligeiro do que um cometa; mais rápido do que o pensamento que conceitua e que conduz à bondade. E se assim ele caminhava, agora voa, num céu sem defeitos, sem motivos para deixar de ser bom. O Governador Ricardo Coutinho, desejando enaltecer a sua obra, no Eixo das Nações, e querendo homenagear o seu então companheiro de governo, chamará essa “maior obra rodoviária em Campina Grande”, de Deputado Rômulo Gouveia.

A exemplo do cardeal Roncalli e posteriormente do Papa João XXIII, chamado pelos italianos de il Papa buono, nem a bariátrica transformou, em Rômulo, sua natureza “agapetônica”, continuando tal caráter de bonachão, que, na sua simplicidade, superava possíveis desavenças, rancores ou aversões. Sobrelevava facilmente os defeitos ditados pelo errare humanum est, provérbio cantado por Jorge Ben Jor, para sorrir e abraçar aqueles que poderiam ser considerados eventuais sujeitos ou objetos da desafeição. Não obstante nossas diferenças políticas e ideológicas, quando a minha inesquecível mãe faleceu, estando ele em Brasília, Rômulo subiu à tribuna e, do alto daquele parlamento, esclareceu que as boas qualidades em mim, em meus irmãos e em minhas irmãs, foram moldadas pela nossa bondosa mãe; pronunciamento que ele fez registrar em Ata e enviá-lo ao seu grato amigo.

Seu afável comportamento ou suas atenciosas atitudes serão sempre lembradas por aqueles que exercitam a virtude da gratidão. Parodiando a mitologia dos irmãos Rômulo e Remo, dos fundadores de Roma, por onde passou Rômulo de Campina Grande e aonde caminhou, poucos lhe foram Remo, contudo o batalhador Rômulo criou e construiu. E sem ser amamentada pela Loba Capitolina, sua existência nos leciona que a bondade tudo corrige, tudo limpa, e, quando apenas lava, na ressurreição, ela purifica.

Damião Ramos Cavalcanti

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