Naquele tempo, disse Jesus: “O espírito é forte, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41), falando da “fraqueza” de todos nós, dos policiais, dos juízes, dos nossos políticos, sobretudo dos que costumeiramente corruptos certamente justificam suas corrupções: “Furtei porque a carne é fraca”. A Polícia e alguns Magistrados de Curitiba se referem à carne de boi, de vaca, de porco, et caterva, trazendo também à lente frangos e perus … Já os vegetarianos a consideram muito forte, preferindo algumas amenas folhas à carne. Os judeus não comem a suína, mas adoram outras carnes , desde que delas se retire a última gota de sangue, o que significa nem pensar em “galinha ao molho de cabidela”, tampouco no sertanejo chouriço, feito de sangue de porco, especiarias e açúcar. Os budistas sublimam: Não comem carne porque não abatem seres vivos. E pobre não come carne, mesmo “fraca”, porque não tem dinheiro…
O dinheiro provoca essa confusão: Alguns tentando corromper a qualidade e a quantidade da carne, quem a compra e quem a revende; e também os que botam a boca no trombone midiático para difamar o Brasil no comércio lá de fora; até os chinos educados por Mao Tsé-Tung a criarem em casa e comerem codorna. A China, sendo a maior população do mundo, é a maior compradora, assim aproveita dos boatos para suspender os negócios e renegociar o preço. Mas em abstinência não ficarão… Quando estourou a Usina de Chernobyl, os concorrentes se valeram desse acidente nuclear para espalhar que fortes ventos atômicos teriam contaminado a carne na França, sobretudo sua especialidade : Carne de vitela ou viande de veau.
Essa confusão causa vários imbróglios: Uns dizem que tudo teria sido planejado para atenuar a Lava Jato porque a vez a se delatar é a dos ministros, ministeriáveis e aliados seletivamente dos partidos no poder; também que tal difamação é motivada por interesses de certo país que perdeu a hegemonia da carne para o Brasil; ainda, ocasião em que países suspendem a compra para renegociar o preço; e agravando a economia, o Presidente dá aos embaixadores churrascos corridos, discursando e mordendo picanha para provar que a carne é boa. As notícias televisivas são freiadas e advertidas a baixarem o tom; também a Polícia recua e confessa não ter sido o que se pensou; o prejuízo motivou escrúpulo.”Carne fraca”, neste país, nunca deixou de existir, ostensivamente, ao lado da sujeira e dos esgotos nos matadouros e mercados públicos; durante concentrações urbanas, nos espetinhos temperados com poeira do asfalto e rica diversidade de bactéria ou à beira das estradas vendendo-se o boi que morreu. Enfim, o objetivo quase foi atingido, nanja totalmente. O preço da carne vai baixar, desde que haja nos açougues a “carne fraca” para os pobres e, a “forte” para os ricos, tal qual exigida pelos compradores estrangeiros. O prejuízo ameaça ser imenso, a trama não compensou…
Damião Ramos Cavalcanti