A História do Cinema enquadra e situa o genial Charles Chaplin num definido tempo da sua atuação enquanto produtor, diretor e ator; não o projeta para trás, é claro, mas a dimensão desse homem não cabe apenas no pequeno espaço da sua época, estende-se, projeta-se ao longo da vida cinematográfica, porque imortalmente ele sempre continuará atuando.
O Cine Clube O Homem de Areia , da Fundação Casa de José Américo, na 1ª quarta-feira do mês, às 19:30 h, exibirá Charles Chaplin em “Tempos Modernos”, filme em que, como em todos os outros, esse genial artista sente e expressa a alma do povo: Problemas existenciais, injustiças, mentiras, verdades, singeleza, amor , carinhos e , sobretudo alegria; tudo isso extraído do sentimento da plateia que, extasiada, ri diante do humor com muita arte. Nos filmes, Charles se identifica com Carlitos, mas, sua genialidade é maior do que a do ator Carlitos; distinga-se nele o pensador, o humanista que arranca risos e admiração das multidões, enquanto sobreviverem os capazes de chorar e de sorrir.
Com instrumentos, hoje obsoletos e até museológicos, ele rodou Tempos Modernos (1936), película que é de permanente atualidade; de inteligentes críticas à realidade social do trabalho que, desde a Revolução Industrial, visa, com obsessão, à produção em série, o que também é criticado em La classe operaia va in paradiso (1971), de Elio Petri, com Gian Maria Volonté: A produção em série, ignorando sua finalidade social, visa o lucro e o consumismo perdulário dessa produção. Veja-se, em cena, o esmagamento do trabalhador nas gigantes engrenagens de ferro… É um enredo que, mudo, fala também sobre a cultura do preconceito político-ideológico, atualmente em vigência. Admire-se em “Tempos Modernos” o lirismo da arte; não é uma tese de resistência ao tempo, mas à mecanização da sociedade e ao domínio do homem pela máquina.
Damião Ramos Cavalcanti