Um museu-casa tem significativa identidade, personifica uma história completa e fascinante de quem foi seu ilustre habitante; é morada de mulheres e homens, que eticamente examinaram, para serem justas e justos, a balança e o peso, o que deve ser ensinado às futuras gerações … Aprendi que uma antiga casa, mesmo como anônima habitação, demonstra-se parte da história coletiva da cidade e que, já em si, é entidade que inspira respeitabilidade. Ora solar tradicional, ora modesta morada, distingue-se por feições dignitárias ou até mesmo palacianas; casa simboliza concreta intimidade, tão própria como a alma dos homens e das mulheres que a habitaram.
Sob auspicioso apoio do Governo do Estado, a Fundação Casa de José Américo reúne representativos museus-casa nordestinos, com a força das suas reflexões, para se conhecerem mais de perto, sob o teto do Museu-casa José Américo, em 29 de setembro de 2017. Nesse dia, essas casas serão casas-museu, sem muros, sem paredes, congregando os que fazem casa ser museu e que, após esse encontro, farão museus-casa serem mais museu…
Vislumbra-se com isso caminhar na história com os que fizeram história, narrando, debatendo seus feitos e relações das suas vidas com o seu povo; conectando tempo e espaço, circunstanciando o nosso patrimônio. Esses museus-casa são verdadeiros panteões de infância, adolescência, adultidade e velhice que deixaram suas coisas para serem sempre lembranças. Encontrar-se-ão conosco: Pedro Américo, Augusto dos Anjos, José Lins do Rego, Manuel Bandeira, José Américo de Almeida, Cora Coralina, Gilberto Freyre e Ariano Suassuna para, palestrando, confirmar memória coletiva, conceito de museu-casa, educação, cultura, turismo, poésis, desafios e perspectivas dos museus-casa, enfim, o quotidiano e as quatro estações da museologia. Pouco nos ensinam, quando não se preserva a memória…
Damião Ramos Cavalcanti