No cenário político nacional, a luta pelo poder político vem sendo mantido através de um confronto entre as forças políticas de esquerda e de direita. Tais termos nasceram durante a Revolução Francesa, espalhando-se pelo mundo ocidental e contribuindo para que ocorresse uma transformação social e econômica. Na contemporaneidade, essas denominações também se definem como confrontos entre progressistas e reacionários, conservadores contra liberais. Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, percebe-se que essas posturas ideológicas sofreram mudanças de compreensão em relação às identificações tradicionais. A esquerda foi impelida a se reorganizar, de forma a estabelecer uma nova configuração no sistema político mundial. A verdade é que as linhas divisórias entre esquerda e direita se tornaram menos nítidas. Temos visto partidos de esquerda assumindo posições de direita em certas questões e vice-versa. Isso tem dificultado a rotulação esquerda-direita. Essa confusão ideológica fez surgir no Brasil um campo político apelidado de “centrão”, formado por parlamentares de direita, a partir de interesses corporativos e fisiológicos, praticando a troca de apoio a projetos do governo, por cargos em órgãos estatais e emendas parlamentares. Em anos recentes, algumas lideranças políticas têm se alinhado com a estratégia da extrema direita internacional, produzindo narrativas conspiratórias com objetivos golpistas. O ex-deputado federal José Dirceu analisa que os governos de esquerda muitas vezes se veem forçados a admitir alianças políticas que desfiguram o viés ideológico de origem. Assim ele explica o terceiro Governo Lula: “Foi montado um governo que não é de centro-esquerda, pois é um governo que tem apoio da direita. Eu falo isso e todo mundo fica indignado dentro do PT. Mas essa é a exigência do momento histórico e político que nós vivemos. Tendo um pequeno número de parlamentares no Congresso, se vê obrigado a fazer alianças para fora do escopo da esquerda”. Não há homogeneidade no ativismo político desses grupos antagônicos. Neles encontramos correntes que possuem uma base social mais orgânica, enquanto outros são controlados por cúpulas e burocracias autônomas. Essa confusão ideológica provoca mudanças de acordo com a conjuntura política. Porém, a identificação das organizações e indivíduos da direita se afirma por princípios da ideologia liberal, na defesa intransigente da propriedade privada, da meritocracia e da livre iniciativa do mercado, ainda que entre eles existam divergências programáticas ou pontuais. Todavia, há um ponto em comum: o posicionamento contra os interesses e lutas da classe trabalhadora. Já os partidos e movimentos sociais identificados como de esquerda defendem ideias em consonância com os princípios de igualdade, justiça, liberdade e solidariedade, criticando os alicerces que sustentam o modo de produção capitalista, a exploração do trabalho e a violência praticada pelo Estado burguês. Esses militantes políticos são classificados por seus opositores, como comunistas, anarquistas e socialistas. O mais preocupante nesse confronto político-ideológico é o tom das campanhas eleitorais, influenciadas pelos discursos de raiva e indignação, na conformidade do humor da opinião pública. Essa fragmentação partidária e inconsistências ideológicas colaboram para que se pratique o oportunismo eleitoral. “O mais preocupante nesse confronto político-ideológico é o tom das campanhas eleitorais” – Rui Leitão, para o Jornal A União – João Pessoa, Paraíba – DOMINGO, 22 de junho de 2025; Ano CXXXII número 121.