Esses também seriam os leitores “convertidos” pelo medo revestido de ódio. Até já respeitosos idosos, mas, imaturos politicamente, como crianças carentes, demonstram precisar de um condutor: neófitos, iniciados a uma “seita” política, doutrinada pela paúra, pelo pavor de um eventual “pior”, contraposto a um mundo melhor, cômodo e seguro, porém raivoso e cheio de preconceitos. Ou seja: quem não pensar e agir como eu penso e ajo deixa de pertencer ao meu “ego coletivo” e passa a ser alijado ao “alter coletivo”, para fora do “meu” barco; e, no alto mar, empurrado para fora da embarcação, safando-se o outro para simplesmente se aliviar a carga… Nada de raciocínio, somente emoção ditando a intolerância.
Considerar esta eleição um “domingo in albis” é alvejá-lo, torná-lo puro, sem manchas de ódio degradante, que deteriora qualquer objetividade no ato da escolha. Tenho observado, na mídia, gestos de metralhadora que teatralizam truculência, violência, rancor e morte. Tais manifestações são parecidas com as que quebraram vitrines na “noite dos cristais”, discriminando os odiados para levá-los em comboios para as câmeras de gás. Exagero? Não! É História…Tudo começou como se fosse normal. No final, os milhares perseguidos se tornaram milhões exterminados, no depois chamado “holocausto”. Alvitre-se a máxima latina: “o pequeno erro no começo torna-se grande no fim” ou parvus error in initio fit magnus in fine.
Tudo se procedia como se fosse justo, em nome da Lei contra judeus, comunistas, ciganos e outras minorias… Vestiam túnicas in albis, mas eram apenas arianas, sinalizadas pela suástica. Ah, domingo in albis, que os eleitores, em paz e harmonia, comparem os candidatos e, criteriosamente, rejeitem as vestes sujas e votem em roupas limpas, adequadas e receptíveis à mesa desse desejável banquete democrático. Errar significa jogar o povo ao mar, durante anos e anos que se sucederão até, com tardança, acertar o voto, talvez num algum domingo da vida.
Damião Ramos Cavalcanti