Academia Paraibana de Letras

A Câmara Municipal de João Pessoa outorgou, na tarde desta quarta-feira (6), o Título de Cidadão pessoense e a Medalha Cidade de João Pessoa ao jornalista Luiz Gonzaga Rodrigues.

O propositor das homenagens, o vereador Bruno Farias (PPS), destacou a “justa condecoração a um dos mais festejados talentos de nossa literatura, reconhecendo a cidadania pessoense a uma vida intensamente vivida por sessenta anos em nossa Capital e condecorando com a Medalha da Cidade o maior defensor do seu acervo histórico-cultural”.

Conforme explanou o parlamentar, Gonzaga Rodrigues atuou em diversos veículos da imprensa paraibana, sendo, atualmente, cronista do Jornal da Paraíba.

“Como é gostoso ouvir as suas histórias, os seus causos e os episódios de sua vida. Tal como as suas crônicas, a inteligência e o time do seu senso de humor fazem um bem danado à alma da gente”, elogiou o vereador.

Ele ainda acrescentou que, através da figura de Gonzaga Rodrigues, a CMJP estava rendendo homenagens “ao mais sublime dos legados divinos: a palavra. Ela é a expressão do próprio homem, é o mostruário de sua alma e o escape de seus sentimentos”.

Bruno Farias contou que Luiz Gonzaga Rodrigues nasceu em 21 de junho de 1933, filho de Manuel Avelino Rodrigues e de Antônia Freire Rodrigues. Embora nascido na cidade de Areia, no Brejo paraibano, foi registrado por seus pais em Alagoa Nova, onde passou a infância.

“Só mesmo Deus para lhe oferecer como manjedoura a cidade de Areia, conhecida como a Terra da Cultura, a primeira da Paraíba a abrigar um teatro e, vejam que coincidência, a usar o jornal impresso, a cidade de legendas da intelectualidade paraibana como Abdon Milanez, Dom Adauto, José Américo de Almeida, Elpídio de Almeida e Pedro Américo”, comentou o vereador em seu discurso na tribuna.

Depois de sair de Alagoa Nova, o homenageado viveu em Campina Grande até o início da década de 1950, quando se mudou para a Capital paraibana. Aqui, ingressou no Jornal A União, onde foi revisor, repórter, redator, secretário-geral e diretor técnico. Ele também atuou no Jornal Correio da Paraíba.

Bruno Farias ainda relatou o engajamento político do jornalista, que, após o Golpe Militar de 1964, passou por dificuldades. “Marcadamente um homem de esquerda, os espaços foram ficando restritos para o exercício de sua profissão. Por suas posições ideológicas, passou a ser visto de soslaio pelos donos de jornal e começou a ser queimado por resistir ao ambiente de arbítrio e de força em que o país se vira envolvido”, narrou o parlamentar.

Em meados da década de 1960, Gonzaga Rodrigues recebeu um convite para integrar a redação do jornal O Norte, que se consolidou como o veículo mais vendido do Estado na década seguinte.

“Ao conversar com Gonzaga sobre episódios de sua vida, eu percebi seus olhos marejados ao se recordar de O Norte e tive a certeza de que as suas lembranças daquele período são imorredouras e se perpetuarão pela eternidade”, disse Bruno Farias.

O vereador também destacou que, além de escritor de romances, biografias e coletâneas de crônicas, o jornalista Gonzaga Rodrigues é imortal da Academia Paraibana de Letras (APL) e Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tendo sido também presidente da Associação Paraibana de Imprensa (API) e secretário de Comunicação do Estado.

Em seu discurso de agradecimento, Gonzaga Rodrigues disse que há muito tempo já se sentia pessoense. “Esta é a cidade na qual me acomodei sem grandes choques. Foi esta a cidade que me encantou e com a qual me senti identificado, sem me abalar por nenhum outro lugar deste país”, revelou.

O jornalista também lamentou o atual abandono do patrimônio histórico de João Pessoa. “A cidade histórica, detentora do título de terceira capital mais antiga do Brasil, não dispõe de um museu onde guardar a lição secular de seu passado, de seus homens e de sua cultura”, reclamou.

Gonzaga Rodrigues desejou que a Capital paraibana volte a se destacar também por suas exuberâncias naturais: “Que no futuro possamos dizer como o poeta Paul Claudel em sua passagem pelo Rio: O Rio de Janeiro é a única grande cidade das que conheço que não conseguiu expulsar a natureza. Vai ser difícil, mas resta a esperança”.

Ele ainda concluiu: “Esta Medalha chega em boa hora, fortalecendo-me a convicção de não existir outro lugar no mundo que me favorecesse com a mulher que tenho, com os nossos bons e belos filhos e com essa convivência fiel de amigos e de amigas”.

Entre as autoridades presentes na solenidade, estavam os vereadores Bosquinho (DEM) e Lucas de Brito (DEM); o ex-governador da Paraíba e atual deputado estadual Wilson Braga (PV); o presidente da API, João Pinto; e atual presidente da APL, Prof. Damião Ramos Cavalcanti.

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