As brasileiras “raparigas” não são conceituadas, nem tratadas como as raparigas portuguesas, do além mar, nossas lusitanas descobridoras; são termos iguais, mas que soam diferentemente. As primeiras foram retiradas de casa pelas prementes necessidades da vida e transformadas em “mulheres da vida”. Já as segundas, preservam seu significado no recato familiar. No entanto, a natureza não nega a todas elas belos olhos, pretos, castanhos, verdes e azuis: Brilhantes das suas belezas. E também doçura , bondade e honestidade consigo e com os outros, perseverantes virtudes de Sônia, em Crime e Castigo , de Dostoievski.
Honradas mulheres, nunca atingidas pelos insultos que seus filhos arrumam nas brigas de rua, quando o rancor reflui de quem insulta ao filho e não contra sua genitora que permanece incólume, ilesa, inatingível e respeitada porque é mãe. A maternidade é como se fosse um imenso sertão fazendo nessas mulheres a fortaleza da acepção euclidiana: A mãe é, antes de tudo, uma forte, mais forte do que a mulher, mais forte do que o homem; força de bondade e graciosidade, seja nas circunstâncias de repreensão, seja nas de afago, porque é mãe.
Mulheres verdadeiras, inteligentes, às vezes, incultas enquanto se escondem apenas na sabedoria popular; outras, charmosas, cultas enquanto exibem o que sabem; balançam os brincos quando falam; mostram os anéis quando gesticulam; cruzam as pernas e salientam os sapatos. Mas todas elas demonstram naturalidade e simplicidade quando são mãe; disso ganham imensurável universalidade: São mulheres que possuem , são mulheres que pertencem; simples como as árvores, cultivadoras dos seus frutos. Só há um lugar onde não se precisa de amor, é onde houver a mãe… Este sentimento leva o adulto ou a adulta à infância, ao reencontro com a mãe que se ausenta para seus filhos crescerem.
Damião Ramos Cavalcanti