O santo não tem música, mas a festa do santo, sim. Somente divide com a de Santo Antonio, de véspera, e, dias após, com a Festa de São Pedro, nesses festejos, comidas de milho e também música nordestina. Numa comemoração, a música que a caracteriza deve se observar. A Igreja, mestra em rito e liturgia, jamais colocaria uma música exultante e jubilosa numa cerimônia fúnebre, mas uma de som triste e lutuoso. O que também se evita, até por equívoco, a Marcha Fúnebre, de Chopin, no lugar da Marcha Nupcial, de Mendelsson, “con brio”, para a noiva entrar triunfalmente nas alegrias do seu casamento.
Mutatis mutandis, o “grito de carnaval” jamais é aberto com o melhor “forró de Luiz Gonzaga”, mas com o frevo Vassourinha, da sanfona de Sivuca. Não trocam o instrumento, mas a música, tocando-a adequadamente conforme dita o gosto popular; enfim tudo não deve ser escolhido segundo a vontade do “dono da festa”, do dirigente público, mas de acordo com nossos costumes e a tradição. Algum desrespeito a qualquer ritmo? Não, mas respeito e valorização à música que, consagradamente, a sabedoria popular elegeu para cada circunstância ou momento para festejar a vida.
Disso muito tem falado a mídia, discutindo preferências tão claras: “Contrataram” bons cantores, boas artistas para cantarem “música sertaneja” sulista, no “maior São João do Mundo”, de Campina Grande, cujos festejos sempre se caracterizaram pela comida sazonal do milho, pelos trajes matutos e música do nordeste brasileiro; e não pelos costumes e a diferente música dos pântanos mato-grossenses, cerrados goianos ou das planícies gaúchas. Admiro tudo que for música, mas prefiro a música das fazendas nordestinas à das estâncias do sul, sobretudo numa Festa de São João.
Damião Ramos Cavalcanti