A Estátua de Augusto dos Anjos
Todos nós, que estamos aqui e agora, somos protagonistas de uma memorável circunstância que será lembrada em outros centenários do genial poeta Augusto dos Anjos, comemorações a cada soma de cem anos, no dia 12 de novembro. Na consciência de que somente um centenário podemos protagonizar, realço, com ênfase este que comemoramos, porém , se somos todos protagonistas, Augusto dos Anjos é sujeito e objeto do evento, pessoa, história, obra, arte, o EU da sua poesia… Vejam! Quase como a cinese da sétima arte, a estátua caminha; segundo nossa encomenda, talvez depois de tê-la feita, o escultor J. Maciel tenha dito como Michelangelo ao grandioso Moisés, ao dar-lhe uma martelada no seu joelho: “Perché non parli ?”. E então Moisés nunca parou de falar aos admiradores que o visitam na igreja de San Pietro in Vincoli, em Roma. Pois, será para sempre à frente desta Academia Paraibana de Letras que o nosso querido poeta Augusto dos Anjos caminhará e imortalmente mostrará vida, distante dos necrológios.
Façamos justiça a quem tem a ideia e a leva à consecução como ao ex-presidente Manuel Batista de Medeiros que idealizou e realizou o Jardim de Academos; assim se deve a Luiz Augusto Crispim o memorial Augusto dos Anjos, posteriormente reformado pelo então presidente Joacil de Brito e reestruturado pelo meu antecessor Luiz Gonzaga Rodrigues, nesse sentido, peço, portanto, com modéstia, tornar público que, em novembro de 2012, tive a ideia desta estátua, motivado pelas cobranças dos confrades Gonzaga Rodrigues e Carlos Aranha, ao me dizerem, constantemente, que a Paraíba estava a dever maior reconhecimento ao seu filho, o nacionalmente poeta maior, Augusto dos Anjos. E, ao construir essa rampa e ao desfazer os batentes, construído este espaço para entronizar esta estátua, em 2013, dos pés de Jackson do Pandeiro, na Praça Rio Branco, anotei o endereço de Jurandir Maciel e solicitei desse artista que iniciasse esta obra. Ele me perguntou: E os recursos? Respondi-lhe: Tenha confiança! Comece a obra e eu, a luta pela captação de recursos. Falei com o Governador Ricardo Coutinho que se prontificou a dar apoio à implementação da ideia, mas logo pensei: O Governo do Estado já ajuda permanentemente a APL através de Convênio. Foi quando, nos meados de 2013, o vereador Fernando Milanez Filho, ao visitar a APL para conversar sobre o seu empenho pelo Centro Histórico teve a grata iniciativa de nos indicar o culto e amante da cultura Marcelo Silveira, então Presidente da Energisa que, com certeza, teria interesse em apoiar uma obra de Augusto dos Anjos. Acreditei no que ele me tinha dito, fui à procura do Doutor Marcelo e apresentei-lhe o desenho da estátua que seria modelo da sua confecção; ,ele se mostrou solícito e percebi que a APL estava sendo bem sucedida. Foi encaminhada essa solicitação e todo orçamento já existente desde novembro de 2012 para aprovação por parte da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho. Nesse ínterim, fazia-se a estátua em Paulista, no atelier de J Maciel que foi visitado várias vezes, em comitiva, por Flávio Tavares, Itapuan Botto, Astênio Fernandes, Gonzaga Rodrigues e eu para, com consentimento do artista, conferirmos como progrediam as feições do poeta, sobre as quais opinávamos, especialmente Flávio Tavares que, a pedido do escultor, usou suas mão para, com cera, detalhar a orelha esquerda e o queixo da estátua. Naqueles dias. oportunamente, Dr Marcelo Silveira nos comunicou que o Projeto estava aprovado e que os recursos seriam recebidos, na Abertura do Cineport das mãos da Presidente da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, Monica Botelho, e das, do Presidente Ivan Müller Botelho, conforme consta registrado na imprensa e na mídia; recursos esses repassados da APL ao escultor Juarandir Maciel. Posteriormente, a Energisa, através do seu atual Presidente Dr André Theobald ainda nos apoiou nas confecções das placas e na realização desta garbosa festa centenária, também quando, esta Academia Paraibana de Letras aniversariou, em 14 de setembro próximo passado, seus 73 anos de existência. Portanto, na inauguração desta estátua, inaugura-se também a verdadeira história de como ela se originou, nasceu, engatinhou, cresceu e caminha diante de todos nós.
Citei, de modo justo como se fosse uma ata, todos que se envolveram com a realização deste monumento, como a Vice Presidente da nossa primeira gestão, Ângela Bezerra de Castro que estimulou e elogiou, desde o inicio, a ideia de se fazer a estátua, a esses nomes, acrescento o da arquiteta Sarah Cavalcanti que gratuitamente projetou e acompanhou a construção da sub -estrutura e da estrutura receptiva da estátua; do artista Reginaldo Marinho que fez o design da placa do nome Augusto dos Anjos com as mesmas letras do título do livro EU; o do arquiteto Gilberto Guedes que cuidou da arte da placa principal do monumento, os dos funcionários desta Casa Coriolano de Medeiros: Josimar Monteiro, Marilene Alves Mota e especialmente o da Secretária Tânia Maria da Silva. São agradecimentos maiores e especiais ao então Presidente da Energisa Marcelo Silveira; ao Presidente do Conselho de Administração da Companhia Energisa Ivan Müller Botelho e à sua inteligente filha Monica Botelho, Presidente da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho que tanto tem contribuído com a cultura nesta Paraíba e por esse Brasil afora, notadamente com a casa onde mora Augusto dos Anjos, Leopoldina, onde, como recentemente verificamos em comitiva da APL com os confrades Itapuan e Gonzaga Rodrigues, sempre foi e é tratado com muito amor e carinho; sentimentos esses que confortaram a esposa Esther e filhos do poeta e transtornaram a angústia existencialista, na verve dos seus versos, em gratidão que afaga a mão que o afaga e beija a boca que o beija…
TENHO DITO!
Damião Ramos Cavalcanti
Presidente da Academia Paraibana de Letras